Capítulo Dois
Eu trabalho em uma clínica de estética. Não, não sou cirurgiã plástica, nunca daria certo nessas coisas, desmaio quando vejo sangue e só de imaginar que teria que abrir um corpo e ver os órgãos, fico tonta e com vontade de vomitar. Sou recepcionista. Eu e mais 2 amigas, elas também me ajudaram muito nos últimos 6 meses, não deixando eu cair literalmente no abismos.
A Mônica é muito divertida, se parece muito comigo em relação a personalidade forte, é morena, tem olhos clara, se orgulha muito dos seus cabelos lisos e vive dizendo que é descendente de índios, como se isso fosse a coisa mais legal do mundo, ela é noiva, tem um relacionamento de 2 anos, vive as voltas com o amado, porque é super controladora e mandona, e por tabela rimos das historias e situações.
- Ontem o Sidney queria que fossemos para praia, não queria e ele disse que iria assim mesmo, olhei para cara dele e disse "Vai.." Coloquei a minha cara de má - Neste momento ela cerrava os olhos como se estivesse fuzilando alguém - e sair. Ele não foi! - Terminou dando um sorrisinho e vibrando por ter ganhado mais uma vez.
A Natália e a mais calma de nos duas, toda sentimento, doce, tem 20 anos, um relacionamento de 7, casada a 5, ele é o Tadeu são novos e parece que estão brincando de casinha, ela tem um filho chamado Tadeu Junior de 2 anos, ela é muito feliz e exala isso, tanto que dá nojo, parece aqueles comerciais de margarina aonde todos são felizes, bem isso acontece com ela.
- Hoje acordei com um café da manhã e flores, o Tadeu não é um amor? - Disse ela fazendo cara de apaixonada.
- Ô, se é.. - Disse eu com cara de amargurada.
Não sou de muitos amigos, fora elas 2 só existe o Allan, que é meu amigo desde os primórdios, quando trocávamos na 1° série, meu brilho labial pelas gudes dele, desde então nunca nos separamos. O Allan é uma pessoa cheia de vida, vive constantemente amando, a frase que eu mais ouço sair da sua boca é "Eu amo ele!" Uma semana depois ele chora por 2 horas dizendo que vai se matar, porque perdeu o homem da sua vida e 2 dias depois, ele aparece na recepção do me trabalho, dizendo que encontrou sua alma gêmea.
- Mas.. cadê o Rubens? - Mônica pergunta fazendo cara de surpresa -
- Ele terminou com ele, disse que não o amava.. Há uns 2 dias atrás.. - Digo, fazendo-o lembrar que a 2 dias ele chorava por outro.
- Morreu! Acabou! Estou viva para outras coisas, devemos amar o velho se merecer, mas viver para o novo.. - Fala ele como se não se importasse mais com tudo que aconteceu, como se aqueles 2 dias nunca existissem.
- Nossa! Que frase de efeito, tirou em uma daquelas frases de caminhão? - Ele me dá língua como se ignorasse tudo que eu estava falando.
Então, restando no mundo meus únicos 3 amigos, que são felizes, casados e nunca NUNCA estão sozinhos.. De certa forma, minha vida anda solitária. E é muito chato quando se está só e tem amigos que sempre tem alguém, porque eles não ficam satisfeitos em ter alguém, eles tem que te arranjar alguém, então eu viro a amiga encalhada que vai para os lugares e se encontra com os amigos encalhados dos outros amigos, nada contra, acho super válido conhecer amigos encalhados, e não me importo mesmos e eles são baixos, tem peitos grandes, usam gel ou até mesmo são cabeludos, não, o que me mata nos amigos encalhados são o senso e o humor. Eles não tem senso de nada, falam alto, comem de boca aberta, dão cantadas esdruxulas, não tem um pingo de cavalheirismo, e pior não tem humor, não são felizes, não acham graça em nada e nunca NUNCA me fazem ri, eu não estou escolhendo, sou encalhada, assumo essa posição e tenho ido sempre a esses encontros ás escuras, mas o mínimo que eu peço é que me façam ri, mesmo que seja uma piada sem graça, mas que eu veja o esforço para mim fazer ri.. Mas isso não acontece, nunca acontece.
Pags: 9, 10 e 11
2 comentários :
Adoro a forma como você escreve, Larinha!
Quando fica pronto o livro?!? hehehe
mostro até as caras só pra ir na cerimônia de lançamento! rs
bjuu
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