quarta-feira, 20 de julho de 2016

Oblivion: Pagando Os Preços e Aprendendo As Lições - Temporada Completa

NEGAÇÃO

Imagine: 

Eu. Uma fila. A gargalhada do Agiota. E o mp3 no último volume ao som de "Oblivion"...


Oblivion, também conhecida como a temporada de pagar preços, veio como um tranco. Nocauteou-me e me deixou desacordada no chão. 
Eu me vi naquela fila mais uma vez, negociando com o ‘Agiota’, argumentando que já tinha atravessado o deserto e que ele pegasse leve comigo. Mas o Agiota, assim como a vida, não é benevolente nem altruísta. Muito menos caridoso. Ele é sádico. Principalmente com aqueles que lhe devem algo. E eu estava fazendo parte disso. 

L: Eu já comecei a pagar! - Gritei para o Agiota - Parece que está sendo fácil, mas não está. Perdi muita coisa e... 
A: Você ainda não perdeu nada! Inventou uma palhaçada de retiro no qual nem conseguiu meditar e agora vem na minha mesa dizer que já perdeu muita coisa! Acorda! O jogo está apenas começando. Essa é a temporada de pagar os preços. Agora é a hora de perder... Acenda um cigarro e bem vinda de volta... 

E ele tinha razão. Mesmo negando e não aceitando, no fundo, eu não tinha perdido nada e, tampouco, aprendido algo. O jogo estava apenas começando e foi nesse momento que aprendi a primeira lição: Todas as suas ações tem consequências. 

RAIVA 

Apenas imagine: 

Eu. Um guarda-roupa. Cartas de cobrança pelo chão e um som que tocava repetidamente a música "Black"... 


O tranco veio mais cedo do que eu imaginava. Começou em uma madrugada, às 3 da manhã, enquanto eu escrevia a primeira carta para o Comendador. Senti, então, o gosto da indiferença. Naquele momento, caíram todas as fichas das consequências do que eu tinha feito, mas sentia raiva - eu não tinha feito isso tudo sozinha.
Claro! No primeiro momento, eu mentia pra mim mesma que estava bem, que tinha superado, que estava fechando a porta... Ledo engano. A verdade é que eu estava devolvendo a caixa de ferramentas para o Cara da Roda Gigante e saindo do guarda-roupa.
Perceber o que eu tinha feito com meu carro - Lê-se minha vida - me fez protagonizar cena de choro em todos, TODOS os lugares possíveis. Rever quem eu era e qual a minha posição na vida das pessoas ao meu redor foi horrível. Eu sair mesmo do guarda-roupa e isso me irritava. Eu estava ouvindo as pessoas e elas estavam gritando verdades. Zé, minha mãe, meus amigos, o Comendador - todos tinham algo a falar e não eram coisas boas, eram coisas ruins, tanto que me vi em um ringue de boxe, levando a surra da minha vida, e, claro, eu perdi. 
Eu ainda sentia raiva das pessoas e tentava justificar os meus erros nelas. Eu achava que tinha a verdade absoluta e todos que não se encaixavam no que eu acreditava estavam errados. 
Esse foi o período mais solitário da temporada. Foi o status quo, no qual eu, com medo de errar de novo, fiquei quietinha na minha. Eu malmente falava com a Mary e Doroth e estava a maior parte do tempo só. Eu saía sozinha, comia sozinha, falava sozinha. O meu mp3 e o Radiohead viraram meus melhores amigos. Foi graças a eles - e, óbvio, o Cara da Roda Gigante - que aprendi mais duas grandes lições: Ninguém é responsável pelas suas escolhas e, principalmente, pelos seus erros. E estar sozinha me mostrou que a gente também pode ser feliz sozinho. 

NEGOCIAÇÃO 

Imagine: 

Eu. Deitada na cama. Sorrindo. Com “What A Fool Believes” ecoando na minha cabeça... 


Dois meses depois e eu e o Comendador voltamos a nos falar. EU ME SENTI BEM PARA CARALHO. Eu vi luzes em todos os lugares. Eu sorria sem parar. Saber que ele estava bem me confortava. Soube da Coleguinha também, que já estava namorando e tudo. Essa culpa de ter destruído o relacionamento alheio não cabia mais a mim e isso animou os meus dias. O que durou muito pouco. O Comendador ainda tinha muita mágoa de tudo que tinha acontecido e, mesmo se aproximando, nada havia mudado - nós não éramos mais quem havíamos sido um para o outro. As coisas haviam mudado. E, mesmo escrevendo a segunda carta para ele, negociando e mostrando que as coisas não eram como pareciam ser, não importava, o que estava feito, estava feito. Whatever.
Nesse período, reorganizei minha vida inteira; barganhei com todos. Sentei com minha mãe e colocamos todos os pontos nos is sobre nossa relação. Mudei meu horário de trabalho para disponibilizar, mais ainda, minha vida para Pepi. Tive conversas épicas que me fizeram refletir e melhorar como pessoa. Negociei, também, com o Cara da Roda Gigante. Na verdade, Ele foi com quem eu mais barganhei. E aprendi mais uma lição: não importa o quanto você barganhe - quando você precisar pagar preços, você vai pagar. 

DEPRESSÃO 

Apenas imagine: 

Eu. A Musa. Minha cama. Eu chorando copiosamente ao som de “Wish You Were Here”... 


Junho chegou e veio cumprindo o combinado: arregaçar com tudo. Trouxe à memória o quanto ele é o pior mês do ano pra mim e o seu drible carretilha. Lembrei-me da temporada “Hell”, dos laços da minha vida, de como eu sou um fracasso e que, não importa o que eu faça, não vou conseguir. Então, ao perceber isso, fiz o que qualquer pessoa normal de 12 anos faria... Chorei. Chorei muito. Chorei TUDO. 
No ônibus, protagonizei cena de choro, praticamente, a temporada inteira. Ele virou meu local de reflexão. Questionava coisas como “Onde foi o ponto em que minha vida virou isso tudo?”, “Como eu vejo, sinto e vivo tanto essas coisas?”, “Por que tanta dor?”, “O que fiz mais para os preços serem tão altos, tão doídos, tão sentidos?”, “Porque minha historia não é diferente?”... E, sem resposta, eu chorava mais. 
Nessa fase, aprendi a me refazer - mesmo querendo desistir, deitar em posição fetal e chorar. Estava tomando as porradinhas da vida. Caindo. Chorando. Levantando. Tentando reverter o quadro. Aprendendo que nada acontece como eu quero, até porque, eu preciso definir muito bem o que quero e preciso me bastar, entender como é bom estar bem comigo mesma para alguém entrar na minha vida. 
Essa é Oblivion, não sendo só a temporada de pagar preços, mas de aprender lições, também. 

ACEITAÇÃO 

Imagine: 

Eu. O Cara da Roda Gigante. O Sabotador. Mulheres cantando uma música que jamais saberemos qual era... 


Depois de todas as reflexões possíveis, depois de chorar muito no ônibus, tomei um vraaaaaa da vida - e da Musa também -, que gritava que, mesmo que eu quisesse, jamais estaria sozinha. 
Eu tenho os melhores amigos do mundo – os que me amam, me aceitam e lutam por mim. Amigos que não desistiram de mim, até mesmo quando eu desisti deles. 
Nessa etapa, eu tentei, ao máximo, honrar o nome desta temporada, mas foram dias difíceis. Estava lutando pelo Noah da minha cabeça e aprendendo que escolhas são excludentes. Tive a última conversa com o Comendador e, mesmo sentindo todo o amor, vi que ele também já havia feito sua escolha, e, mais uma vez, não era eu. 
E lá estava eu, de novo, anotando as lições no caderninho, aprendendo que as pessoas não são iguais e têm percepções e mundos diferentes – o que pode ter sido fácil para mim, não é para o outro. 
A última onda veio. Levou os pesos, as cobranças e, até, o banzo. A época de colheita havia chegado, e eu já havia pagado os preços. Aceitei e parei de tentar mudar coisas que não havia conserto.
Por fim, fui ao inferno mais uma vez, assumindo que havia perdido e que não valia mais a pena lutar. Aprendi que arrependimento faz parte do processo, e essa foi a maior lição de Oblivion: Você pode até ferrar tudo, mas vai pagar por isso até o último minuto, até a última gota, errando, levantando a cabeça e, acima de tudo, vivendo e aprendendo as lições da vida.

terça-feira, 19 de julho de 2016

#FATO

quanto mais perto 
mais perigo tem e 
que mal há se faz 
bem? 
era pra ter lido 
a placa e entendido 
o aviso em vermelho 
ou ouvido o conselho 
mas vou lá e faço 
e se der tempo 
me arrependo, 
por que quase lá 
se pode ser dentro? 

domingo, 17 de julho de 2016

Cartas Para Alguém: A Última Carta

Para ler ouvindo: "Give Me Love" - George Harrison

"Descobrir que você me ama me fez sorrir. Minto, me fez gargalhar! Tá, eu, possivelmente, fiz dancinhas de felicidade pelos cômodos da casa, e, até na rua. Mas né? Eu sou eu. Eu sei, também, que não iria mais te escrever. Te disse isso. Sempre levanto esse discurso de que é a última carta, e, logo depois, aparece outra. Mas né? Eu sendo eu - Lê-se sendo mais instável and explosiva que Nitroglicerina.
Como essa é, supostamente, a última carta, poderia falar de cada detalhe ou de coisas irrelevantes da nossa relação, mas isso eu já fiz em outras cartas. Te trazer à memória o que fomos um para o outro não vai mudar sua escolha. E não, essa carta não tem esse objetivo. O objetivo dela é outro. 
Me perdoe. Por tudo. Por cada decepção, mágoa, desgraçamento da cabeça... TUDO! Eu errei com você. Eu poderia ter agido de outra forma, ter conduzido tudo de um jeito diferente e isso não aconteceu. Eu te machuquei, te traí e fiz tudo diferente do que disse que faria. E, por isso, eu te peço desculpas. É importante para mim fazer isso, porque eu passei muito tempo sem me perdoar por tudo que te fiz. E, quando consegui me perdoar, percebi que o peso tinha ido embora, e a vida tinha ficado, um pouco, mais leve. 
Acho importante também que, se você tiver algum rancor, ele não se faça necessário. Eu paguei por todos os meus erros, eu ainda sinto por tudo... E não, eu não estou com você. Então, não tem razão para guardar essas coisas aí dentro. Eu errei, paguei os preços, seguimos caminhos diferentes... Tire o peso das costas você também. Não vale a pena carregar sentimentos ruins por alguém, e, principalmente, alguém que te ama tanto e que te quer tão bem. 
Eu não sinto coisas ruins por você. Às vezes, sinto aquela raivinha por saber que você me ama e escolheu não estar comigo. Te chamo de burro, de bobo e de panaca, mas passa, ao surgir o seu sorriso na minha mente. A verdade que não tenho vergonha nenhuma de dizer é que te amo pra caralho e que eu preciso mesmo é te agradecer. 
Obrigada! Por ter aparecido subitamente na minha vida. Por ter me conquistado. Por não ter desistido de mim no primeiro surto e ter me aceitado do jeito que sou. Por ser meu número. Por cada gargalhada que conseguiu tirar de mim. Por cada atitude de carinho. Pelo cuidado. Por todas as músicas novas que me apresentou. Pelas correções ortográficas e traduções do meu inglês. Por todas as loucuras que fez por mim. Por ser quem você é, com todas as delícias e pesos. Por me fazer balançar e acreditar de novo no amor. Pelo jeito que pega na câmera e me faz morder os lábios. Por ser tão sexy e me fazer suar. Por desencadear as mínimas sensações e os mais gostosos sentimentos. Por lindos and estressantes oito meses. Por cada lágrima, silêncio e indiferença - eu aprendi com isso também. Pelo luto. Afinal, você viveu o seu. O que ratifica o quanto me amou/ama. Com toda a nossa história, eu aprendi grandes lições e tudo isso fez com que eu me sentisse viva. Eu agradeço muito por tudo, tudo, TUDO! 
Essa carta é para isso: desculpar-me e agradecer. Ainda há muito amor, ainda desejo muitas coisas sobre nós, mas agora estou na fase da aceitação. Eu entendi. Logo, tudo isso vai passar, ou vamos nos acostumar a conviver com todo esse sentimento. 
No mais, quero que fique bem. Você precisa mesmo ficar bem, e digo isso por você, não por mim. Até porque, por mim, não importa o que eu faça, parece que nunca será suficiente para você. Eu também vou ficar bem. Com a tranquilidade que, na mesma intensidade que terminei essa relação, fiz tudo para tê-la de volta... Como se chama mesmo isso? Quando fazemos algo e depois reconhecemos que não foi o melhor? Aí, tentamos voltar no tempo e rever toda a situação? Aaaah, sim, já sei! Foi isso que me trouxe por longos 4 meses até aqui, que me fez chorar e sentir toda a dor do mundo. Isso mesmo! Se chama arrependimento. É o que venho sentindo, sem mesmo reconhecer o que era. O sentimento é mesmo esse. Eu me arrependi. E essa, sem dúvidas, foi a maior lição que aprendi.” 

Ps: E, se eu te ligar de madrugada ou te mandar mais uma carta de amor, saiba que é engano...

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Episódio de hoje: Estratégias para destruir o Sabotador

Para ler ouvindo "High Hopes" - Pink Floyd

Era a terceira vez que eu parava para vomitar. Não sei, mas voltar àquele lugar me deixava enojada. Talvez pelo cheiro, ou pelos gritos, ou, até mesmo, pela energia que estava no ar, fazendo com que eu lembrasse de todas as dores e das coisas ruins que me aconteceram, e, principalmente, me fazia lembrar da última vez que estive aqui. 

P: Você aqui?! - Falou um dos Príncipes das Trevas - Veio entregar as armas de novo, Fraca? 
L: Não. Vim falar com você. Diga a ele que estou aqui, e quero lhe falar. - Falei alto, tentando não escutar os gritos ao meu redor. 
P: Por favor, madame! - Ele falou se curvando e fazendo reverência debochadamente - O senhor sabia que você vinha. 


Seguimos para o Castelo de Ouro e me lembrei o quanto ele era lindo. Passamos por corredores, e, por trás de cada porta, ouvia um gemido diferente. Nos esbarramos com uma mulher que, aparentemente, havia fugido de algum dos quartos. Ela caiu nos meus pés e gritou desesperadamente "Me ajude! Por favor, me ajude!". Os Dementadores chegaram logo depois, sugando todas as suas energias. Um deles veio até mim e começou a sugar as minhas também. Caí de joelhos sentindo todo o resto de felicidade que existia em mim se esvair. Tonta, ouvi o Príncipe das Trevas dizer "É visita real, ele não vai gostar de saber que fez algo com uma coisa dele". Sem forças, sussurrei "Eu não sou uma coisa e muito menos dele..." 
Senti o Príncipe me levantar pelos braços, mas não conseguia ficar em pé. Ele me sacudiu e eu vomitei mais uma vez. Ele colocou meu braço sobre seus ombros e entramos em um corredor cheio de mulheres, que cantavam uma canção que me fazia chorar, mas não conseguia identificar qual era. Elas dançavam com véus de várias cores e, quando íamos passando por cada uma, elas sussurravam no meu ouvido coisas como "Fraca", "Perdedora", "Quando vai descer de vez?", "Eu quero te machucar", "Quero te ver sofrer"... 
Chegamos à Sala Real do Castelo de Ouro e senti o meu sangue pulsar pelas minhas veias, meu coração acelerou como se tivesse levado um choque e eu já não precisava mais da ajuda do Príncipe das Trevas para caminhar. 
Enquanto caminhava, ouvia os cochichos e risos de todos que estavam na sala. Olhei ao redor e nada havia mudado, eram os mesmos príncipes, guardas, legiões e escravos. 


S: Um bom filho à casa torna! Não é essa a frase de efeito que criaram com base naquele livro cheio de mentiras, para que toda vez que um filho nos deixasse, se arrependesse e voltasse, justificar as merdas que ele fez? Eles ainda dão um ponto de atenção ao "bom", mas fico sempre a me questionar: um BOM filho deixa mesmo os seus pais? HAHAHAHAHA! Deixa, né? Olha onde estamos... - Falou o Sabotador, levantando do trono de ouro e sendo mais sarcástico do que o normal. 
L: Não sou sua filha. Na verdade, não temos ligação nenhuma. Nem sua serva sou! Além de velho, tem ficado louco? - Falei sorrindo e no mesmo tom sarcástico que o dele. 
S: Mas poderia ser, o que deixa claro que você sempre faz as piores escolhas, mas isso você sabe muito bem.
L: Bom, eu não tenho tempo a perder... - Neste momento, comecei a tirar toda a minha armadura, joguei a espada e as cartas no chão. 
S: Dessa vez, você desistiu mais cedo... Sabe que não poderia me enfrentar, não é? 
L: Não, eu fiz isso por mim. Aprendi a lição: não devo lutar por coisas que não valem a pena... 
S: Então, está dizendo que o seu Noah não vale a pena?
L: Não, não vale. Assim como eu não valho para ele. 
S: Que interessante... - O Sabotador desceu do altar, parou na minha frente e olhou dentro dos meus olhos - Está muito fácil. Da última vez que esteve aqui, chorou copiosamente, pediu pela vida de Zé... O que mudou dessa vez?
L: Como disse antes, eu aprendi as lições. Desistir também um ato de coragem e... 
S: Você é fraca! É por isso que você desiste. Não me venha com frases de efeito, que Ele, supostamente, O Todo Poderoso, diz para te confortar. Acha mesmo que vai passar pelas coisas e não vai pagar, não vai sofrer, não vai sentir? Do lado dele sempre foi assim. Eu sei como se sente, eu já estive do seu lado também. Não te incomoda o fato de lutar, lutar, lutar e seu carrinho nunca sair do lugar? 
L: A colheita vai chegar, as coisas boas também virão. 
S: HAHAHAHAHAHAHAHAHA! Você me faz gargalhar! Mesmo depois de séculos, eu ainda vejo ele fazer as mesma promessas "Sirva a mim, passe pelas provas, seja obediente e terá um lugar no céu..." - O Sabotador falou com a voz imitando o Cara da Roda Gigante - Ele não quer que você viva! Ele te tira tudo o que é natural, o que a carne implora, o que é normal. Você deixa de viver na esperança de um futuro que não existe, de um céu que não existe. 
L: Onde estamos? 
S: O quê? Como assim? Estamos na minha casa! 
L: Onde é? - O Sabotador me olhou sem entender os questionamentos.
S: No inferno, no melhor lugar de todos os mundos. 
L: E o céu não existe? - O Sabotador abriu a boca e antes que pudesse falar continuei - Não, você não precisa falar nada, não tente me convencer. Eu já escolhi meu lado há muito tempo, quando desci as águas, quando conheci, verdadeiramente, o Cara da Roda Gigante. 
S: Você é uma perdedora que, se depender de mim, não vai conseguir nada. Sabe, sorri ao ver você chorar implorando pra ficar com ele... E não vai acontecer, você perdeu.
L: Bom, eu reconheço, perdi essa batalha... 
S: Mais uma! Claro, não foi tão divertida como na outra temporada, onde te vi sangrar... Foi realmente delicioso.
L: Sim, mais uma - Cheguei mais perto do Sabotador e olhei dentro dos seus olhos - Mas não esqueça, a guerra não acabou, e eu não tenho medo de você. Quem olha por mim não dorme, e, enquanto tiver vida, eu jogo do outro lado. - Tirei do bolso uma fita vermelha, desfiz o laço e cortei-a no meio - Acabou, seu laço foi desfeito. Até a próxima! Afinal, eu sei que você não vai desistir de mim. 

Virei de costas e tentei sair mais rápido possível daquele castelo. Ouvi o Sabotador me xingar e me jogar pragas. Ao sair completamente do castelo, tomei o sangue do Cara da Roda Gigante para que, quando voltasse, não carregasse comigo toda aquela carga negativa e maldições. Tudo isso eu deixei lá, no inferno. 
Após caminhar por algumas horas, senti a mochila pesar. Sentei no chão do deserto e chorei copiosamente. 


L: Eu não tenho mais forças... - Sussurrei. 
C: Tem sim. Eu estou orgulhoso por você. - Abri meus olhos e já estava em um campo florido. Do meu lado, O cara da Roda Gigante sorria. 
L: Não foi fácil dizer que o Noah não valia a pena. Não foi fácil voltar lá. Estar no inferno é como reviver todos os seus erros, e a sensação é como se estivesse com balas no peito. Eu não quero mais voltar lá. 
C: Eu não posso te garantir isso. Como você mesmo disse, estamos em guerra, ela não acabou... 
L: É difícil abrir mão de algumas coisas... 
C: Escolhas. Você está abrindo mão de coisas antigas e está abrindo espaço para coisas novas - O Cara da Roda Gigante tirou minha mochila das costas - Você trouxe todas as peças? 
L: Sim - Falei desanimada. 
C: Vamos, levanta, temos um carro pra consertar... 
L: Eu quero ficar um pouco mais - Deitei na grama e olhei para o céu - Faltam 3 dias para Oblivion terminar e o que eu mais quero é descansar nesses dias... Mas o Senhor pode ir. Melhor, deve! Será que meu carrinho vai subir? 
C: Para o topo! 

O Cara da Roda Gigante saiu e eu comecei a chorar mais uma vez. Meu corpo doía, minha cabeça doía, meu coração doía. Eu perdi mais uma vez, desisti. "Ele sempre ganha", pensei. 
Coloquei as mãos nos bolso e senti um pedaço de papel e um tecido. Era um pedaço da fita vermelha, e uma das cartas que deveria ter ficado no inferno. "Não acredito!", esbravejei. Abri a carta que escrevi para o Comendador e li seu título: "A última Carta". Apertei-a sobre meu peito e chorei mais uma vez, fechei meus olhos e pensei: 

- O amor não acabou.

domingo, 10 de julho de 2016

Sobre o meu desgraçamento de cabeça


Para ler ouvindo: "Hey You" - Pink Floyd

Não, eu não estou bem. É horrível falar isso na última semana de Oblivion, depois de ter passado a última onda e já ter começado a época da colheita, mas não, eu não estou bem. 
Vamos lá, eu tenho Pepi, que de longe é a melhor coisa que já fiz em toda, eu disse TODA, minha vida. Eu sou uma pessoa feliz por ter uma filha tão incrível. Eu tenho um emprego, o que na situação atual do país, isso é muito bom. Meu emprego não é o que eu quis fazer toda a minha vida, nem sonhei com isso desde criança, e não, eu não sou uma pessoa realizada profissionalmente, mas é um emprego bom, com uma gestão muito boa, com tudo que um emprego normal tem. Eu tenho saúde física - Ou acho que tenho já que nunca mais fiz um check up -, consigo ter força para fazer tudo e um pouco mais. Eu tenho uma casa, comida na mesa, família, amigos... Eu sei. Eu tenho tudo para está feliz, mas não, eu não estou feliz. 
O que tem acabado com meus dias e tirado a minha paz, é o tal desgraçamento de cabeça. É essa dor que não passa, são os pensamentos constantes, e o acordar de madrugada, ou o passar de dias inteiros pensando nesse desgraçamento. E o meu desgraçamento tem nome e sobrenome:

Comendador Jose Alfredo 

Se passaram 4 meses e eu não esqueci o Comendador. Não que eu não queira, ou não me esforce, na verdade, eu não suporto gosta dele, eu odeio isso de verdade. 
Lembro, que logo depois que terminei com Zé, passei meses querendo encontrar alguém que me balançasse. Lembro também, que antes de conhece-lo, passei por varias pessoas e não conseguia sentir o calor, a paixão. Era tudo tão momentâneo e fugaz... Lembro que, certa vez, senti falta de sentir isso o que sinto hoje, o amor, o amor por alguém, que antes acreditava que jamais voltaria a sentir. 
E o Comendador surgiu. Como se tivesse saído dos rabiscos da minha agenda. De blusa de banda, uma câmera na mão e com os ouvidos mais afinados para música que eu já vi. Acredito que essa seja a única coisa que temos em comum, nós não tocamos instrumentos, mas falamos de música com uma base, como se já tivéssemos tirado todos as nossas músicas preferidas no violão. 
O Comendador foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida no último ano e a pior também. O cara bagunçou tudo. Me fez mudar de lado, opiniões, discursos. Abaixei bandeiras e coloquei minha cara a tapa para julgamentos. Com essa historia toda, aprendi lições e paguei preços, deixando claro, que tudo isso por escolhas minhas. Mas não tinha como não escolhe-lo, o Comendador é o cara, aquele que confabulei anos na minha cabeça, ele é o cara sim, pra mim. 
O ruim dessa historia linda and perfeita, é que nossa historia veio com prazo de validade, começou do lado negro da força, e mesmo que eu lutasse, eu não iria sustenta-la por muito tempo. Sim, eu também baguncei tudo, também quebrei a banca e dei o xeque-mate. 
Entramos em um caminho sem volta, e parece que não importa o que eu faça, não vamos voltar para a luz. Não existe mais nós, não somos mais prioridades e estamos a um passo de virar, o que eramos antes, completos estranhos. 
E isso tudo dói, dói muito, dói tanto. Eu acordo, e após 10 minutos, o sorriso dele vem, descaradamente, na minha mente. Quase uma hora depois, estou chorando no ônibus lamentando por tudo que fomos e deixamos de ser. Durante o dia, sorrio com as piadas que ele faz em grupos que temos em comum. A noite, choro mais um pouco, antes de dormir ou na madrugada, quando acordo e penso em ligar para ele só pra ouvir sua voz. 
Eu sofro de desgraçamento de cabeça, e eu não posso dividi-lo, não posso compartilha-lo com alguém, é uma dor minha, das escolhas minhas
É importante deixar claro, antes de começarem a me julgar, que não, eu não estou triste por minha vida amorosa ser uma piada, por eu não ter alguém, um homem do lado, eu não estou triste por isso, não SÃO ESSAS COISAS. Eu estou triste por amar alguém que não quer ficar comigo, eu estou triste por amar alguém que não deveria amar, eu estou triste por tudo que fizemos um com o outro, estou triste por sentir dores emocionais todos os dias, estou triste por chorar todos os dias dentro de um ônibus pelo mesmo motivo, estou triste por querer falar/ouvir e não poder, estou triste pela perda, falta, saudade ou qualquer coisa que esse desgraçamento seja. Eu não quero mais entende-lo, eu só quero que ele passe e desencaralhe de vez a minha vida.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Talvez ele seja o Noah - Aprendendo as lições (Season Finale)


Eu senti as gotas da chuva no meu rosto, o que me fez despertar. Naquela manhã não fazia sol, a previsão do tempo já havia alertado sobre tempestades e temperaturas baixas, mas eu não me importava, me sentia confortavelmente bem naquele muro. 


M: Está chovendo, você não vai sair daí? - Virei e vi Musa, com roupas de frio e um guarda-chuva chegando ao muro. 
L: Não, está tudo bem, eu gosto de sentir a chuva... 
M: Isso é mentira, você odeia se molhar de chuva, odeia guarda-chuvas, capa e tudo que te remete a chuva, tá mentindo pra mim, puta? 
L: Musa, eu só quero ficar aqui, me deixa, o que você tinha pra me falar, já falou... - Sentei no muro colocando as pernas de cada lado. 
M: Então é isso? Eu não acredito! Eu não imaginei que nossa conversa te abalaria tanto... - Falou Musa subindo no muro e sentando do meu lado. 
L: Não? Really? - Falei olhando para ela profundamente - Você me conhece, sabe que me abalaria... 
M: Você entende por que o fiz? Entende que você precisava se ouvir... São quatro meses, você precisa reagir... 
L: Não fui eu que fiz essa escolha, Musa, sabemos disso, foi o Comendador. ELE escolheu não está comigo. ELE não quis ficar comigo. Eu sempre o escolhi, sempre. 
M: Então, ELE FEZ! Sigamos em frente, acabou! Por que você ainda está aqui, em cima do muro? 
L: Por que eu tenho dias bons e ruins. E nos dias ruins, aqui é um bom lugar para pensar. 
M: Então hoje é um dos dias ruins... - Falou Musa revirando os olhos. 
L: Sim. Hoje acordei com ele no olhar, me lembrei da sua voz, do sorriso, do cheiro... Esses dias são horríveis, porque me pergunto tanta coisa... Se ainda estaríamos juntos, se eu ainda seria a outra, como seria nossas vidas se não tivesse acontecido o dia fatídico... 
M: Lara, jamais saberemos. - Musa se acomodou no muro, colocando as pernas de cada lado, e olhou nos meus olhos - Acabou. É passado, já foi. Eu não quero mais te ver assim, não quero que sofra mais, não vale a pena. 
L: Musa, eu estou bem, de verdade. Eu paguei os preços, eu mereci passar por tudo que passei... 
M: Sim, você pagou os preços, não há mais nada pra pagar, a última onda passou, agora é a época da colheita - Musa pegou em minhas mãos - Lara, só passamos pelo que queremos ou merecemos. Você está passando por tudo isso por que você quer, você ainda mantem acessa a chama do luto, do amor, e revive tudo relacionado a ele. Você está se permitindo a isso. - Nesse momento, as lagrimas começaram a rolar, e musa as enxugou - Eu sei que não escolhemos quem amar, eu sei que você o ama, eu sei que ele é o Noah, mas acabou. 
L: Obrigada, Musa, eu não sinto raiva por tudo que você falou. Você tem razão, você É a minha voz da razão, no fundo eu sempre soube, eu paguei por escolhas minhas, e estou aqui, assumindo-as...
M: Então vamos? Está frio, nos odiamos o frio! - Musa desceu do muro e estendeu a mão.
L: Não, eu não vou, eu quero ficar aqui. Preciso ficar só, me ouvir, respirar e me ouvir... 
M: Tudo bem, mas não se esqueça que você já pagou tudo, essa historia acabou, não se martirize mais. 

Musa seguiu para casa e a chuva parecia cessar. Deitei no muro e olhei para o céu, vi um arco-íris se formar e sorri. 


D: É lindo, né? - Disse a Deusa do Vento se aproximando do muro. 
L: Deusa? O que faz aqui? - Levantei e sentei no muro, ajudei-a a subir e sentar do meu lado. 
D: Vim te ver... - Abrir a boca para falar, mas Deusa colocou as mãos nos meus lábios e impediu de falar - Está ouvindo? Respire, feche os olhos e tente ouvir... - Fiz o que ela pediu, fechei meus olhos, respirei e tentei ouvir algo, mas só havia silêncio. 
L: Não? O que é? Não ouvir nada... 
D: Lembra que eu disse, que quando fosse fazer a sua escolha, você precisava ficar em silêncio e se ouvir? 
L: Sim, você disse que eu deveria silenciar todas as vozes da minha cabeça, respirar e me ouvir... 
D: Esse é um bom momento para isso. Você conseguiu silenciar as vozes, consegue refletir sozinha, você aprendeu a lição, amadureceu... 
L: A última onda levou muita coisa, e pedi que deixasse só o que fosse bom. Eu paguei os preços, Deusa, é época de colheita e das coisas voltarem aos seus devidos lugares... 
D: Bom, a colheita ainda não começou, a plantação mal acabou, os preços foram pagos; o que não significa que você não terá novas coisas para pagar, não é isso, mas é a temporada de bonança. Os dados foram lançados, ciclos mudaram, mas a semente ainda está germinando, é o inverno, você só vai colher mesmo na primavera, próximo do seu aniversário, quando as flores e frutos estiverem em pé... 
L: Ainda? Jura? E há quem diga que esse é meu ano... 
D: E é, tire as escamas dos olhos, veja além, não se limite a ver o que está na sua frente, e nem nada que parece ser. Enterre os achismos e acima de tudo, se ouça, essa é a fase para isso, a temporada está acabando, reavalie, pense, e faça sempre o que for melhor pra você... - Deusa desceu do muro e começou a caminha, sem virar para trás, gritou - Eu preciso ir, fique bem. O arco-íris é realmente lindo, aprecie sua beleza. 

Vi a Deusa do Vento desaparecer pelo horizonte. Deitei mais uma vez e observei a chuva molhar o meu rosto. Sorri para o céu e apreciei a maravilha do arco-íris. Fechei os olhos e pensei "Obrigada, Cara da Roda Gigante, o senhor é o melhor!". Abrir meus olhos e vi o arco-íris desaparecer. 


L: Não, não vai embora... - Choraminguei, ainda olhando para o céu. 
C: O sol precisa aparecer... - Falou o Cara da Roda Gigante se aproximando do muro, sentei e olhei com cara de surpresa. 
L: O que faz aqui, o senhor tem um carro pra consertar! - Falei sorrindo. 
C: Vi observar você de perto, saber sobre os dias ruins e bons. 
L: A Musa que te chamou? Gente, eu fico chocada como minha credibilidade não serve de nada com vocês... 
C: Ela está preocupada. 
L: E o senhor? Não está? 
C: Não, você é forte, e vai ficar bem. 
L: Isso me conforta muito, estou na merda, mas né, vou ficar bem. - Falei sorrindo e debochando de toda a situação. 
C: Você aprendeu as lições de Oblivion, ainda está um pouco perdida, mas sabe o que não quer, aí, bem no fundo, sabe. - Senti um calor invadir meu coração e aquecer todo o meu corpo. 
L: Eu não quero mais ele. 
C: Agora você vai abrir os braços em cima do muro? E gritar para todo mundo ouvir? - O Cara da Roda Gigante ironizou - Isso não vai mudar o que você realmente sente, mas se fizer você se sentir melhor, vá em frente. 
L: A questão não é mostrar para as pessoas, não é assumir uma mentira para o mundo, é o melhor, o melhor para mim, é escolher seguir em frente, porque mais uma vez deu tudo errado, mas uma vez vivi uma coisa que poderia não ter vivido. 
C: Você acredita nisso? Então acredita que não era para ele ter aparecido na sua vida, que não era pra vocês se relacionarem, que ele não é o Noah? 
L: Eu não disse isso. Ele É o Noah, mas as coisas não aconteceram como eu queria. Como deveria ter acontecido. 
C: Existe uma diferença entre como as coisas deveriam acontecer e como você queria que acontecesse. Eu te dei o Noah, não em uma situação confortável, mas dei. Você estava com o controle na mão, você armou as estratégias, você tomou decisões, você queria que as coisas fossem do seu jeito, e não como elas deveriam ser. Eu dei. Você deu permissão, com suas atitudes, para o Sabotador tomar. As responsabilidades e consequências são suas. 
L: Eu sei, eu entendi issoentendi que ele é o Noah, entendi que foi o senhor que me deu, entendi que paguei os preços de coisas que escolhi, assumi todas as consequências, eu sei, estou consciente disso. 
C: Você aprendeu as lições. Saber se ele era o Noah ou não, não iria te imunizar de pagar os preços. E você entendeu isso. 
L: Aprendi na marra, né?! Tomando porrada, vendo o cara me desprezar, ver o cara me amar e escolher não ficar comigo, porque acredita que tudo que fiz foi pra destruir a vida dele, ele fez as suas escolhas, estou fazendo as minhas. 
C: Larissa, as coisas não são como parecem ser. Essa foi à frase mais falada por mim nessa temporada. Ouça. 
L: Estou ouvindo, na verdade, fiz isso essa temporada inteira. Ouvi, ouvi tudo, ouvi todos, tomei até atitudes contrarias as minhas, achando que estava fazendo o certo, quando na verdade, as respostas, decisões e escolhas estavam dentro de mim. Sim, eu aprendi, mais do que nunca, eu aprendi. - O Cara da Roda Gigante olhou para o céu, olhei também e percebi que a chuva estava ido embora, e as nuvens começavam a ficar em uma cor mais clara, o que antes era cinza, ficava azul. - Eu achava que estava desistindo do Noah, mas eu atravessei o deserto sozinha, ele não estava lá, eu não podia desisti de alguém que não estava do meu lado, que não estava comigo. 
C: Essa era a maior lição de toda essa historia com o Noah. Você está sozinha. Você fez tudo sozinha. Plantou sozinha, sobreviveu a última onda sozinha, você viveu o luto sozinha... - Ele voltou a olhar para o céu, agora o sol ensaiava aparecer - Você. Você é a sua Musa, sua Deusa, a senhora da SUA razão. Lara, é você aqui. Quem decidi o que realmente vale a pena, não são as cartas, ou os achismos, ou as pessoas que acreditam que é o melhor para você... É só você. Você é forte, resiliente, e eu disse que ficaria bem, nós acreditamos um no outro, o grande lance é acreditar. 
L: Eu acredito, e confio em você. 
C: Você não precisa provar nada, você precisa se ouvir, refletir e jogar os dados, escolher o que quiser, qualquer lado do muro, e até, o controle de volta, quem faz sua vida é você, e você escolhe no quê apostar as fichas - O sol apareceu e o dia ficou lindo - O que você quer? Vai continuar em cima do muro, vai escolher lados, escolher pessoas, o que você quer fazer? 
L: Bom, sobrevivi a última onda, já plantei tudo que tinha que plantar, a colheita daqui a pouco começa... 
C: Você aprendeu as lições!
L: Sim, eu aprendi as lições! Deu um monte de coisa certo e errado. É, tá aí uma coisa que aconteceu mesmo, eu aprendi. - Eu olhei a minha volta, olhei todo o muro, olhei os lados, pulei, dei a mão ao Cara da Roda Gigante e falei sorrindo - Sabe mesmo o que eu quero agora? 
C: Cuidado com o que você pede. A última coisa que você pediu, te trouxe até aqui, nessa jornada. - Ele beijou minha testa e colocou o braço nos meus ombros, me abraçou de lado, e me olhou profundamente - Então? 
L: Eu quero acordar.

terça-feira, 5 de julho de 2016

Talvez ele seja o Noah - Escolhas



D: Vamos taralogar? - Fitei a mensagem de Deusa que havia acabado de chegar.
L: Vamos! 
D: Sim, me fale, me diz o nome da pessoa... 
L: O nome da pessoa?
D: Você quer saber sobre sua vida amorosa... 
L: Não, eu quero saber de minha vida de forma geral e... 
D: Me diz o nome dele.
L: Comendador.
D: Certo, vou arrumar as cartas... - Alguns minutos depois ela volta a digitar - Lara, saíram as seguintes cartas: "O Julgamento", que anuncia o fim de alguma coisa ou o resultado de uma ação em particular, da qual recompensas serão colhidas ou consequências serão sofridas. Em seguida veio "A Lua" que é uma carta que evoca emoção, mas trata mais de uma ilusão, algo sofrido e angustiado sabe?? Aí, veio "A Morte", que ta evocando uma mudança drástica na situação... Como se afirmasse "Algo ai tem que mudar, pra ir pra frente, o que era já não é mais", entende? E por fim, "A Roda da Fortuna", que afirma que as coisas são cíclicas e em permanente mudança, o que agora está meio incerto, duvidoso e angustiado, tende a tomar rumo e forma. O sentir de vocês ainda é oscilante, Lara. Você quer, sabe?! Mas não tem tanta certeza acerca do que está sentindo. Ele te machucou muito e as suas ações ainda te atinge e incomoda, ao ponto de se questionar "É isso mesmo??"
L: Deusa, você tem razão... - Falei, ainda digerindo cada palavra - Nunca ficaremos juntos e...
D: Acabei de perguntar isso! A carta final é a soma de todas e saiu "Os Enamorados", que é uma carta que evoca dúvidas, Lara, porque a carta é um homem entre duas mulheres e o cúpido... 
L: Eu sabia que ia me machucar, tinha medo de seguir em frente e continuar perdendo tempo, sabia! Minha maior dúvida era se estava lutando por algo que valesse a pena, entende?
D: As dúvidas são justamente essas, por isso o tarot respondeu os enamorados. Porquê entenda, a sua mente está em conflito. E na verdade sua balança está pendendo. Então, pode ou não dá certo...
L: E essa escolha tem que partir de mim...
D: Sim, sempre. Lara, o tarot lhe mostra uma possibilidade, você é de Libra, e nesse momento, está sentada em um muro alto, com uma perna em cada lado do muro. De um lado você pode tentar com ele, do outro você segue.
L: Entendi.
D: Lara, "A Lua" fala sobre ilusões, angústia, medo e, até, um certo sofrimento. Você está sofrendo. 
L: Muito.
D: Você, por conta de experiências passadas, teme arriscar, mas perceba o que "A Morte" lhe diz: "Olha, o que foi, foi. Já não é." Mude... Siga... Transforme-se... Mas antes pare, você precisa parar, precisa se ouvir.
L: Entendi.
D: Se você quer um conselho do tarot ele diz "Você vai colher o que plantar". Você vai colher o que semear.
L: Entendi. Escolhas...
D: Entenda, nem o tarot pode decidir por você. Ninguém pode. O seu jogo todo foi sobre duvidas e escolhas. Pense, e faça uma boa escolha, pra você.
L: Muito obrigada, Deusa.
D: Eu nada fiz, e sei que essa não eram as respostas que você desejava. Você queria um "sim" ou um "não", mas eu disse o que estava aqui pra você, as cartas diz o que precisamos saber e não o que queremos saber. 
L: Mas me ajudou muito... Obrigada e fique bem.

Passei mais uma noite em claro. Refletindo em cada detalhe desse diálogo. Não sou boa com escolhas e eu sempre fiz as piores possíveis. E, ao menos dessa vez, eu preciso acertar, afinal, escolhas são excludentes.

Continua...
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