terça-feira, 17 de janeiro de 2017

The Purgatory - Season Final / Turning Off - Nova Temporada


Entrei na igreja e ela estava vazia, como sempre. Caminhei até o primeiro banco, mas a sensação que eu tinha era que estava me rastejando. Ajoelhei-me e desmoronei em um choro sentido, doído... A dor ainda estava aqui. 
O Cara da Roda Gigante também entrou e sentou ao meu lado; tocou em minha cabeça e era como se a dor se intensificasse. Agora, todo o corpo doía. 

L: Eu perdi de novo, né? Mais uma vez. – Falei olhando para O Cara da Roda Gigante. – Dói tanto! – Falei, chorando copiosamente. – É uma dor que não passa, que não acaba. Olha onde eu vim parar, só para, mais uma vez, provar que eu não consigo... 
C: O Purgatório não é um lugar para quem não consegue, é um lugar para quem precisa aprender lições.
L: Eu aprendi tudo que precisava aprender em Oblivion. Eu aprendi as lições, paguei os preços!
C: Não. Você nunca passou da última fase de Oblivion. Você nunca aceitou. Ainda está na fase da depressão. Ela vem se arrastando e, por isso, dói tanto.
L: Não! Eu saí de Oblivion passando por todas as fases. Eu aceitei! – Gritei e fiquei de pé.
C: Pare! Você não precisa mentir para mim. Na verdade, você jamais conseguiria. Você pode tentar mentir para O Sabotador, mas, como ele é o pai da mentira, você também não conseguiria...
M: Chegamos, agora, em um ponto muito pior: ela mente para ela mesma. – Musa entrou na igreja e olhamos para trás. – Ela acredita mesmo que aceitou, mesmo estando aqui, num lugar de pessoas que devem. E deixa eu te adiantar uma coisa: Você perdeu mesmo. – Musa sentou e me colocou sentada ao seu lado.
L: Vocês... Aqui... Eu... – Musa colocou minha cabeça no seu colo e eu chorei. Chorei, sentindo a dor, zonza, sem acreditar nas verdades ditas ali, naquela igreja.
C: Onde está a carta? – Olhei para O Cara da Roda Gigante e tirei a última carta escrita para o Noah do bolso. Ela estava suja, mas a fita vermelha estava impecável. – Ela vai voltar para onde você deveria ter deixado. – Ele a pegou e desfez o laço.
L: Mas... E a dor? Ele ainda esta aqui. Não é a carta, é o amor, é a dor que não passa, é essa porcaria de dor e...
M: Então... Você admite que não aceitou? Que não havia acabado e que você guardou isso tudo que você sente aí dentro, tentando camuflar, escondendo, fingindo... – Eu olhei para Musa e abaixei a cabeça. Eu não conseguia parar de chorar.
L: Então, é isso?! Eu parei no Purgatório por causa dele?
C: Não, você parou aqui por sua causa. 
M: Você acha mesmo que O Sabotador não te conhece? Você acha mesmo que só porque foi ao inferno duas vezes, se tornou a fodona e que pode jogar com ele? Esse jogo é para gigantes, você é apenas um Silfo que nem consegue controla seu poder! Você é tão burra que é só ele te dá um laço pomposo que você cai, e você caiu mesmo, viu a historia se repeti, viu o mesmo contexto e ainda sim caiu. – Musa levantou e começou a andar de um lado para o outro. – E sabe por quê? Por que você não consegue controlar seus próprios sentimentos, você não consegue controla você mesma, não houve ninguém, abandona quem está do seu lado, só por capricho, por orgulho, e enquanto estamos lutando, O Sabotador está sambando, acabando com você e te deixando assim, para refazermos os cacos. Eu estou cansada, tá?! Estou mesmo! – Musa começou a chorar e O Cara da Roda Gigante a olhou profundamente, levantou, estendeu a mão para mim, me fez levantar e se aproximou da Musa, lhe estendeu a mão e fomos até o púlpito, chorando, as duas, em silêncio.

No púlpito, havia um prato de ouro onde O Cara da Roda Gigante colocou a carta com a fita vermelha. Ela começou a queimar e entre muitas lagrimas sussurrei um “Não!”. Cair de joelhos e gritei abraçada ao púlpito.


M: A dor não está aqui – Musa falou tocando no meu peito. – Ela está aqui – Ela tocou na minha cabeça. – Não é o coração, é a mente. Desligue. Desligue suas emoções. – Olhei para Musa sem entender e ela me tirou do púlpito, me abraçando a força. – Você vai conseguir! Eu estou aqui, O Cara da Roda Gigante está , as pessoas que você pode contar, jamais vamos nos deixar.

Musa e eu ficamos ali abraçadas chorando por horas. Chorei de dormir nos seus braços e ao acordar pela manhã no dormitório do Purgatório, me fez questionar até onde aquilo tudo foi real. Escovei os dentes, tomei banho, me vesti e tentei não pensar na noite anterior, não importava, era meu ultimo dia naquele lugar. Eu estava saindo do Purgatório.


A porta do metrô se abriu e eu puder ver meu Acompanhante sorrindo para mim. Eu o abracei como se fosse um amigo que a muito não via.

A: Para terra?! Olha só a vida te dando uma chance de novo!
L: A vida é uma filhadaputa, tá?! Ela não é minha amiga e não vai facilitar.
A: Ouvir dizer que sua história no Purgatório foi como a de Jô, O Cara da Roda Gigante só não deixou tira-lhe a vida, o que deve ter deixado O Sabotar irado. Você sabe que ele ainda te quer, né?
L: Aaaaah, pouco me importa, eu estou tão feliz que estou saindo, eu sou mesmo uma sobrevivente! A: Eu nunca duvidei disso! – Olhei pela janela e vi que já havíamos passado do túnel – E agora? Já sabe o que quer fazer ou o que não quer fazer?
L: Não. Recomeçar sempre é difícil, mas é preciso.
A: Então... Sem planos?
L: Não exatamente. Eu tenho um... - Sentei ao lado do Acompanhante e sorri. - Você vai continuar olhando por mim? Talvez, eu precise muito.
A: Eu jamais tirarei os olhos de você. - Ele me abraçou mais uma vez.

Chegando na estação, me despedir do Acompanhante e o vi seus olhos lagrimejar. Da última vez que nos virmos, vi piedade no seu olhar, dessa vez, era um orgulho com misto de felicidade. Corri, peguei um táxi e cheguei em casa o mais rápido possível. Ao abrir a porta, gritei pela Musa e ela desceu a escada correndo, me abraçou e agradeceu por eu está ali, olhei profundamente para os seus olhos e disse:

- Eu estou pronta, quero desligar.
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