sexta-feira, 1 de maio de 2020

Parecia inofensiva, mas me dominou


Os últimos 3 dias só vieram para reafirmar o que eu já sabia: Eu não estou pronta para resolver qualquer coisa que seja na minha relação com a maconha. Eu perdi o controle total, é uma relação tóxica pra caralho, e eu não consigo lidar em nada com isso - Ler-se sou fraca -
A maconha me fez bem por muito tempo, maconha sempre foi legal, até começar a perder o controle de espaço e tempo, até não dormir mais, até não comer mais, até não produzir mais, eu cheguei em um lugar muito longe com essa companhia, era só eu e ela, não tinha amigos, amores, trabalho, era eu, ela e o vazio, o banheiro, as madrugadas, o poço, eu achei por muito tempo que havia perdido tudo, ela me fez pensar sobre isso, e no lugar disso tudo eu a coloquei, todas as dores foram supridas por ela, eu só conseguia me mexer com ela, eu acordava e fumava, eu me sentia triste e fumava, eu sentia fome e fumava, eu queria esquecer e fumava, eu queria dormir e fumava, eu queria sair e fumava, eu queria me sentir viva e fumava... E veio o looping, e veio a compulsão, e veio o não está mais sóbria, e veio a vegetação, e a sentada na varanda, e a vida escorrendo diante de mim para um lugar que não era mais meu. Virei a maior antagonista da minha própria vida, não era ninguém que me derrubava, era eu mesma, descendo e indo mais fundo, e não tem a ver só com a maconha, era como eu me comportava diante dela, eu permitia me dominar, nunca vi como a culpa da droga, meu senso de auto responsabilidade já gritava pra mim que não era o quê, mas como eu perdia o controle diante dela, e eu perco ainda e fácil vou ao nocaute. 
Não consigo dizer quando foi o momento que confundir tudo e perdi, se no auge da depressão ou se eu já sacava tudo que acontecia no inicio de 2018, eu sei que eu só fui mais e mais fundo, e cair muitas vezes só para ratificar que o lugar que cheguei com ela não era mais sadio ou feliz, eu ultrapassei a linha, a linha que a gente diz que nunca vai passar, eu cheguei no fundo, até conseguir olhar pra ela e admitir que ela parecia inofensiva, mas me dominou.

Um comentário :

Taiane disse...

Eu tenho uma historia meio infeliz com a maconha tbm, e tenho 7 anos sem fumar (mas com MUITA vontade de voltar, porém com medo).
Eu estava no inicio do surto (vou escrever sobre isso, e você é uma das pessoas que quero muito que leia), eu estava em guerra com os meus pais, na transição da adolescencia pra vida adulta e no termino do relacionamento mais destrutivo que tive, comecei a fumar, era divertido, até que passei a perceber crises de ansiedade porque não tinha fumado naquele dia, mas tentei ignorar.
Até que um dia fui fumar em um dos melhores lugares do mundo, uma praia a noite, só que na minha vida estavam acontecendo coisas tão bizarras que minha cabeça surtou naquele dia, eu tive uma crise de panico pesada, eu surtei em um grau que não consigo nem descrever. Desse dia em diante não fui mais a mesma pessoa, EU ENLOUQUECI DE VERDADE! E até hoje eu penso se foi uma infeliz conhecidência e esse surto foi resultado das merdas que estavam me acontecendo e a maconha não teve nada a ver com isso, se ela só potencializou e colocou meus demonios pra fora, ou se ela foi a culpada de tudo e seja melhor realmente eu me manter afastada dela, talvez ela me faça chegar em um estado de conexão muito forte com os meus problemas e eu não esteja pronta pra suportar. Confuso, né? Mas ela tbm teve a parte boa na minha vida, as brisas boas, uma alegria gostosa que por varias vezes me invadiu por causa dela... Talvez também seja a questão de achar um equilibrio e não fazer dela o centro, não fazer dela a salvadora dos momentos ruins, mas ai é que tá, é dificil não fazer isso...

Beijo

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