terça-feira, 5 de maio de 2020

bagunçada e vazia

As vezes a vida fica uma bagunça. Eu não consigo mexer e somente procrastinar, tudo, o tempo todo.
Acordo cedo, mas não saio da cama, tomo banho, mas não visto roupas, não sinto fome, sede e nem vontade de viver, sinto-me perdida, solta... Levanto e abro a geladeira, a faço de TV, olho cada prateleira como se cada uma delas fossem um canal, fecho, chego na janela e olho o nada, não consigo ter percepções, não enxergo.
As paredes da minha casa ficam frias, ecoando o vazio, mesmo eu sentindo, em alguns momentos, a presença dos outros. Sinto eles nos cantos, no banheiro, do meu lado, como uma sombra, se arrastando com a minha companhia solitária. Lá fora está tudo igual, mas é dentro, é o caminho, o processo, que parece que trava, que faz muitas curvas até enjoar, dando um nó, no peito, na vida, segurando minha alma, segurando minha voz, me mantendo presa, de dentro pra fora, bagunçada e vazia. 
Eu volto pra cama, vejo um filme sem entender, sorriu não sei de quê, é tudo superficial, distante. Levanto, fecho um baseado, acendo, sorriu, de mim mesma, perdidinha da silva, louca, lembro do meu passado, reflito sobre meu presente, olho para meu futuro e choro, choro copiosamente, "a bad trip me pegou" penso, fumo mais um pouco, penso em coisas divertidas, no amor da minha vida, de conversas existenciais, sorriu de mim mesma tentando expulsar a bad.
Saio do banheiro para atender aquela ligação, que vai me fazer sorrir, ouço a voz do outro lado da linha, sigo falando frases prontas sem ouvir sequer o que o outro diz. Eu não sorrio, é a certeza, de que lá fora está tudo normal, já aqui dentro, só o caos.

"Cheguei a pensar que tava tudo bagunçado, entrei em casa e não entendi,
eu acendi o baseado e logo vi, perdido é pouco pra quem tá no mundo pra fugir"

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