quarta-feira, 20 de julho de 2016

Oblivion: Pagando Os Preços e Aprendendo As Lições - Temporada Completa

NEGAÇÃO

Imagine: 

Eu. Uma fila. A gargalhada do Agiota. E o mp3 no último volume ao som de "Oblivion"...


Oblivion, também conhecida como a temporada de pagar preços, veio como um tranco. Nocauteou-me e me deixou desacordada no chão. 
Eu me vi naquela fila mais uma vez, negociando com o ‘Agiota’, argumentando que já tinha atravessado o deserto e que ele pegasse leve comigo. Mas o Agiota, assim como a vida, não é benevolente nem altruísta. Muito menos caridoso. Ele é sádico. Principalmente com aqueles que lhe devem algo. E eu estava fazendo parte disso. 

L: Eu já comecei a pagar! - Gritei para o Agiota - Parece que está sendo fácil, mas não está. Perdi muita coisa e... 
A: Você ainda não perdeu nada! Inventou uma palhaçada de retiro no qual nem conseguiu meditar e agora vem na minha mesa dizer que já perdeu muita coisa! Acorda! O jogo está apenas começando. Essa é a temporada de pagar os preços. Agora é a hora de perder... Acenda um cigarro e bem vinda de volta... 

E ele tinha razão. Mesmo negando e não aceitando, no fundo, eu não tinha perdido nada e, tampouco, aprendido algo. O jogo estava apenas começando e foi nesse momento que aprendi a primeira lição: Todas as suas ações tem consequências. 

RAIVA 

Apenas imagine: 

Eu. Um guarda-roupa. Cartas de cobrança pelo chão e um som que tocava repetidamente a música "Black"... 


O tranco veio mais cedo do que eu imaginava. Começou em uma madrugada, às 3 da manhã, enquanto eu escrevia a primeira carta para o Comendador. Senti, então, o gosto da indiferença. Naquele momento, caíram todas as fichas das consequências do que eu tinha feito, mas sentia raiva - eu não tinha feito isso tudo sozinha.
Claro! No primeiro momento, eu mentia pra mim mesma que estava bem, que tinha superado, que estava fechando a porta... Ledo engano. A verdade é que eu estava devolvendo a caixa de ferramentas para o Cara da Roda Gigante e saindo do guarda-roupa.
Perceber o que eu tinha feito com meu carro - Lê-se minha vida - me fez protagonizar cena de choro em todos, TODOS os lugares possíveis. Rever quem eu era e qual a minha posição na vida das pessoas ao meu redor foi horrível. Eu sair mesmo do guarda-roupa e isso me irritava. Eu estava ouvindo as pessoas e elas estavam gritando verdades. Zé, minha mãe, meus amigos, o Comendador - todos tinham algo a falar e não eram coisas boas, eram coisas ruins, tanto que me vi em um ringue de boxe, levando a surra da minha vida, e, claro, eu perdi. 
Eu ainda sentia raiva das pessoas e tentava justificar os meus erros nelas. Eu achava que tinha a verdade absoluta e todos que não se encaixavam no que eu acreditava estavam errados. 
Esse foi o período mais solitário da temporada. Foi o status quo, no qual eu, com medo de errar de novo, fiquei quietinha na minha. Eu malmente falava com a Mary e Doroth e estava a maior parte do tempo só. Eu saía sozinha, comia sozinha, falava sozinha. O meu mp3 e o Radiohead viraram meus melhores amigos. Foi graças a eles - e, óbvio, o Cara da Roda Gigante - que aprendi mais duas grandes lições: Ninguém é responsável pelas suas escolhas e, principalmente, pelos seus erros. E estar sozinha me mostrou que a gente também pode ser feliz sozinho. 

NEGOCIAÇÃO 

Imagine: 

Eu. Deitada na cama. Sorrindo. Com “What A Fool Believes” ecoando na minha cabeça... 


Dois meses depois e eu e o Comendador voltamos a nos falar. EU ME SENTI BEM PARA CARALHO. Eu vi luzes em todos os lugares. Eu sorria sem parar. Saber que ele estava bem me confortava. Soube da Coleguinha também, que já estava namorando e tudo. Essa culpa de ter destruído o relacionamento alheio não cabia mais a mim e isso animou os meus dias. O que durou muito pouco. O Comendador ainda tinha muita mágoa de tudo que tinha acontecido e, mesmo se aproximando, nada havia mudado - nós não éramos mais quem havíamos sido um para o outro. As coisas haviam mudado. E, mesmo escrevendo a segunda carta para ele, negociando e mostrando que as coisas não eram como pareciam ser, não importava, o que estava feito, estava feito. Whatever.
Nesse período, reorganizei minha vida inteira; barganhei com todos. Sentei com minha mãe e colocamos todos os pontos nos is sobre nossa relação. Mudei meu horário de trabalho para disponibilizar, mais ainda, minha vida para Pepi. Tive conversas épicas que me fizeram refletir e melhorar como pessoa. Negociei, também, com o Cara da Roda Gigante. Na verdade, Ele foi com quem eu mais barganhei. E aprendi mais uma lição: não importa o quanto você barganhe - quando você precisar pagar preços, você vai pagar. 

DEPRESSÃO 

Apenas imagine: 

Eu. A Musa. Minha cama. Eu chorando copiosamente ao som de “Wish You Were Here”... 


Junho chegou e veio cumprindo o combinado: arregaçar com tudo. Trouxe à memória o quanto ele é o pior mês do ano pra mim e o seu drible carretilha. Lembrei-me da temporada “Hell”, dos laços da minha vida, de como eu sou um fracasso e que, não importa o que eu faça, não vou conseguir. Então, ao perceber isso, fiz o que qualquer pessoa normal de 12 anos faria... Chorei. Chorei muito. Chorei TUDO. 
No ônibus, protagonizei cena de choro, praticamente, a temporada inteira. Ele virou meu local de reflexão. Questionava coisas como “Onde foi o ponto em que minha vida virou isso tudo?”, “Como eu vejo, sinto e vivo tanto essas coisas?”, “Por que tanta dor?”, “O que fiz mais para os preços serem tão altos, tão doídos, tão sentidos?”, “Porque minha historia não é diferente?”... E, sem resposta, eu chorava mais. 
Nessa fase, aprendi a me refazer - mesmo querendo desistir, deitar em posição fetal e chorar. Estava tomando as porradinhas da vida. Caindo. Chorando. Levantando. Tentando reverter o quadro. Aprendendo que nada acontece como eu quero, até porque, eu preciso definir muito bem o que quero e preciso me bastar, entender como é bom estar bem comigo mesma para alguém entrar na minha vida. 
Essa é Oblivion, não sendo só a temporada de pagar preços, mas de aprender lições, também. 

ACEITAÇÃO 

Imagine: 

Eu. O Cara da Roda Gigante. O Sabotador. Mulheres cantando uma música que jamais saberemos qual era... 


Depois de todas as reflexões possíveis, depois de chorar muito no ônibus, tomei um vraaaaaa da vida - e da Musa também -, que gritava que, mesmo que eu quisesse, jamais estaria sozinha. 
Eu tenho os melhores amigos do mundo – os que me amam, me aceitam e lutam por mim. Amigos que não desistiram de mim, até mesmo quando eu desisti deles. 
Nessa etapa, eu tentei, ao máximo, honrar o nome desta temporada, mas foram dias difíceis. Estava lutando pelo Noah da minha cabeça e aprendendo que escolhas são excludentes. Tive a última conversa com o Comendador e, mesmo sentindo todo o amor, vi que ele também já havia feito sua escolha, e, mais uma vez, não era eu. 
E lá estava eu, de novo, anotando as lições no caderninho, aprendendo que as pessoas não são iguais e têm percepções e mundos diferentes – o que pode ter sido fácil para mim, não é para o outro. 
A última onda veio. Levou os pesos, as cobranças e, até, o banzo. A época de colheita havia chegado, e eu já havia pagado os preços. Aceitei e parei de tentar mudar coisas que não havia conserto.
Por fim, fui ao inferno mais uma vez, assumindo que havia perdido e que não valia mais a pena lutar. Aprendi que arrependimento faz parte do processo, e essa foi a maior lição de Oblivion: Você pode até ferrar tudo, mas vai pagar por isso até o último minuto, até a última gota, errando, levantando a cabeça e, acima de tudo, vivendo e aprendendo as lições da vida.

2 comentários :

Fútil Literata disse...

"e, mesmo sentindo todo o amor, vi que ele também já havia feito sua escolha, e, mais uma vez, não era eu".

É... Te entendo em cada palavra dessa frase. E por mais que rasgue, doa e sangre, a gente segue, sempre mais forte e mais alto!

Beijos :*

Sara com Cafe disse...

adoro imaginar hahah

"Nessa fase, aprendi a me refazer - mesmo querendo desistir, deitar em posição fetal e chorar." SEMPRE.

abraço.

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