domingo, 19 de agosto de 2018

Harbor - Exatamente onde devo está.

Capítulo Anterior: Harbor - Nova Temporada

Olhei o porto e percebi que ele estava exatamente como havia deixado há 2 anos atrás. 

Em Waking Up, eu cheguei a conclusão que não queria ser mais porto, que queria ser navio. E cair no oceano naufraga e sozinha. Fui descobrir qual era minha missão na terra, fui descobrir o mundo, aprendi a importância dos portos, a trabalhar os pontos de saúde e destrui as relações adoecidas, demoli uma casa, construi pontes novas, derrubei muros e sabia exatamente quem eu era agora: Uma Sílfio que não sabe metade das coisas que realmente sabe. 

Desci e fui olhar o porto mais de perto, "você está acabado, amigo" pensei subindo e caminhando por ele. A madeira estava úmida, como se ele ficasse submerso no mar, tinha alguns buracos e estava cheio de limo. Me abaixei e coloquei minhas mãos na madeira úmida e cheia de limo, nada senti, era como se não fosse o mesmo porto que eu cuidava tempos atrás, eu não senti a energia, e nem nada diferente, "é só madeira fria" pensei atordoada e confusa. O mar estava revolto, mas o porto parecia não se importar, ele continuava firme, frio e cheio de limo. 

R: Estou atrapalhando alguma técnica indu para sentir portos desativados? - Eu dei um pulo e virei rapidamente. Era Raabe, meu acompanhante, estava diferente das outras vezes de quando o vi, ele era um anjo. 
L: Raabe? Você... Você é um anjo? - Falei não acreditando no que estava vendo, ele tinha grande asas brancas e é como se existisse uma luz ao seu redor. 
R: Claro que eu sou, e você sabe disso, não, é?! Você só nunca tinha me visto na forma de anjo. - Isso era verdade, sempre que o vi, ele estava com aquele casaco cinza de capuz. - Então, o porto, bom lugar para voltar, não?! - Raabe falou com um sorriso amarelo no rosto. 
L: É? Não sei, parece que seu sorrisinho amarelo sabe melhor sobre isso do que eu mesma... - Neste momento, Raabe se aproximou de mim, colocou o braço direito sobre meu ombros e foi me conduzindo para areia. 
R: Lara, qual sua missão no mundo? - Raabe começou a fazer a pergunta com um tom de obviedade, que já sabia todas as respostas, mas que eu precisava aprender algo. 
L: Ahhhh, qual é?! Diz logo porque minha mente me trouxe para cá, sem jogos, ou lições, eu tenho projetos, e está no porto não está neles. - Disse tirando o braço de Raabe sobre meus ombros e parando de frente para ele. 
R: Porque é aqui exatamente onde deve está. - Raabe falou apontando para o porto. 
L: Mas porquê? 
R: Porque você ama esse lugar, Lara, muito. Ele faz parte de quem você é. Da sua essência. 
L: Não, eu abri mão dele, eu o abandonei, escolhi seguir em frente sem ele. 
R: Nossa, como você é burra! Quando vai entender a força e poder que tem? Você não consegue abandonar algo que é seu, que faz parte da sua essência, você pode fugir o quanto quiser, pode não querer aceitar, mas isso faz parte de você, é o que você é! - Raabe falou olhando para meu olhos e eu comecei a chorar. - Não adianta o quanto você lute, essa é sua missão na terra, você veio para ser porto, para cuidar de navios, para chegar em navios que ninguém nunca vai chegar... Se posicione, você voltou para cá porque essa era a hora de voltar... - As palavras de Raabe invadiram meu peito como um soco e eu senti o peso da verdade nelas.
L: E se eu não quiser voltar, e se eu não quiser está mais aqui? - Falei tentando ter o controle da situação.
R: Ele manda te dizer que quer fazer maravilhas, que não se tem mais tempo de não fazer a obra, você escolheu ele, me dê sua mochila, dentro dela tem todas as áreas da sua vida, cuide das coisas dele, ele cuida das suas, todas as outras serão acrescentada, hora de reformar o porto, eu estarei todos os dias aqui com você, afinal, sou seu acompanhante... Lara, o Sabotador quando souber vai atrás de nós, ele vai odiar saber sobre o trabalho que vamos fazer aqui, eu preciso de todo o sua força, não vamos perder essa batalha. - Raabe falou pegando no meu rosto com um medo no olhar de quem já viu muitas batalhas perdidas. 

Nós abraçamos

L: Diga ao Cara da Roda Gigante que não sei porque estou aqui, se vou conseguir reformar esse porto, se estou pronta mesmo para cuidar de navios e se vou sobreviver a isso tudo, mas eis me aqui! - Falei fazendo reverencia e dando um sorriso de nervoso - Diga a ele para não demorar de vim me ver, nunca mais nós falamos... 
R: Pode deixar, todos os recados serão dados e conte comigo. - Raabe me abraçou mais uma vez e eu sentir uma paz que excede todo o entendimento. 

Raabe me deixou uma caixa com muitas coisas para reformar o porto, pregos, martelos e até cerrote, mas o que eu gostei mesmo, foi a caixinha de som e um mp3 escrito "Pink Floyd" de caneta rosa. "O Raabe sabe do que eu gosto" pensei e liguei a caixinha no último volume, ouvir a introdução de "Shine On You Crazy Diamond" e me senti em casa outra vez. 

 Continua...

Nenhum comentário :

Google Analytics Alternative