quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Como eu cheguei até aqui: De Porto a Navio


No final de Julho, no ápice do banzo, entrei em uma crise existencial de alto escalão. A briga não era mais entre a Musa e eu, mas, sim, entre os meus anjos e demônios. Esses que moram dentro de mim, dentro de você, dentro de cada um de nós. 
Logo depois dessa crise, comecei a me fazer perguntas do naipe: “Quem sou eu?”, “O que vim fazer na terra?”, “Qual o meu papel nisso tudo?”, “Por que esse é meu ano?”... Tentando responder essas perguntas, fiz reflexões transcendentais e cheguei a uma grande conclusão - clichê, bem verdade, mas que aprendi no final de Oblivion: Eu só dependo de mim mesma para ser feliz. 
Minha felicidade não está associada a ninguém. Tem quem diga que está associada a Penélope, mas nem a ela está. Afinal, ela vai crescer e ter a vida dela, a história dela, as escolhas dela... Se eu associar minha felicidade à minha filha, qualquer decisão que ela tomar que eu não concorde me trará decepção e, com isso, frustrações. Claro que ela faz parte do processo, mas ela não É o processo.
Perceber isso, o básico para qualquer ser humano (se amar acima de qualquer coisa, se bastar...), foi um choque de realidade para mim, que sempre estava com alguém, que sempre estava feliz por estar rodeada de pessoas, que queria encontrar o homem da minha vida para me sentir completamente feliz, que era o porto dos amigos, que trabalha com pessoas e sempre amou tudo isso. A verdade é que fui colocando de lado minhas prioridades, minhas coisas, minha vida. Mesmo quando fiz de tudo para olhar para mim, eu nunca estive realmente só: tinha as redes sociais, os amigos sempre em casa, os finais de semanas sempre cheios... E foi assim que aprendi a procrastinar minha vida. 
Sabe aquele filme que estreou e eu estava louca para ver? Eu não via logo porque tinha que ver a disponibilidade dos meus amigos para irmos todos juntos. Sabe aquela tarde de domingo que eu poderia colocar meus seriados em dia ou escrever loucamente? Eu não fazia porque sempre tinha uma programação ou todos estavam na minha casa. Sabe aquele show que eu sempre me programava para ir e nunca ia? Eu sempre marcava e, quando chegava na hora, meus amigos desmarcavam; ficava muito em cima para eu organizar outro programa ou ir com outra pessoa (Isso aconteceu com shows, eventos, exposições...). E eu me procrastinava. Não saía quando queria, não fazia o que queria. Às vezes, deixava de lado até minhas opções e minhas escolhas para agradar a todos, para tentar me adequar. No fim, estava procrastinando a minha vida, afinal, cadê meus livros? Onde estão meus projetos organizados? Cadê as minhas saídas? Meus filmes? Resposta: empoeirados em uma estante velha da minha cabeça. 
E sabe o que me deixava mais puta? Eu não era assim. Isso não era culpa dos meus amigos. Era eu. Sempre andei só, mas, de uns anos para cá, fiz essa bagunça de criar expectativa no outro, de esperar pelo outro, mas, como já dizia diria Kandy: 

 "A gente só tem a gente. 
No fundo, lá no fundo, essa é a realidade. 
Qualquer outra interpretação é espera. 
No outro. Que o outro fale, que o outro perceba, que o outro entenda. 
Não entende. Porque não é a gente. 
Imagina que entende, mas não enxerga. 
Porque os olhos são outros, ainda que da mesma cor."  

E esse trecho martelou, martelou, martelou, até fazer muito sentido na minha cabeça; até cair a ficha e perceber que minha felicidade e até a redução dos meus estresses and degastes só dependiam de mim. EU tinha permitido que minha vida virasse isso tudo. 
Então, aprendi a lição. Mas, e agora? O que vou fazer com tudo isso? Como vou mudar essa situação? Eu decidi que precisava mudar. 
Comecei a operação “Navio” no inicio dessa temporada (15/07), e esse nome surgiu quando, na primeira semana sem whatsapp, Howard me ligou, desesperado com essa situação, e disse: 

H: Amiga, você não pode fazer isso! Não pode excluir suas redes sociais, não pode ficar sem falar comigo nem com ninguém! Você é nosso porto. Pra quem eu vou correr agora? 
L: Olha, não sei, de verdade. O que sei agora é que virei navio e estou perdida no oceano - náufraga e sozinha! 

E é assim mesmo que ando me sentindo. Não sou mais porto de ninguém. Excluí o WhatsApp, o que já evita de estar sempre em contato com alguém. Já tinha desativado o Instagram, e, agora, só trabalho com e-mails e, ÓBVIO, com o Twitter, porque, né?! Sem condições de viver sem Twitter
Tenho cuidado da minha energia e tentado não ser aquela pessoa desequilibrada que só responde a estímulos externos, pirando em cada situação de conflito. Trabalhando demais a minha relação com Penélope e minha mãe, porque são as pessoas que dependem de mim diretamente, e estamos ótimas nesse ponto. Focada, mais do que nunca, nas minhas obras and projetos - ESSA BAGAÇA TEM QUE SAIR! -. Passando por muita coisa. - Não é fácil, manoooo! - Desintoxicando-me da minha antiga droga e sobrevivendo aos picos emocionais... 
Eu não finalizei o processo. Estou no começo dele. A melhora é contínua e cada dia é uma oportunidade de aprender o novo, de me conhecer um pouquinho mais e buscar, estar bem comigo mesma. 

2 comentários :

Fútil Literata disse...

Me identificando muito com essa sua fase. Também tô a esmo no mar, espero que a gente se esbarre pra tomar uma cerveja. Rs

Beijos, Larinha!

Gisley Scott disse...

Olha não te conheço mas já tiro o chapéu para vc !!! Tiro porque vc não ficou só na reclamação. Você fez algo a respeito e tomou a responsabilidade da sua vida para si novamente e já fez mudanças significativas. Continue nos seus projetos, eles vão te nortear quando tudo tentar te destrair!!! Sucesso nessa limpeza emocional!

Grande abraço!

www.vivendolaforanoseua.blogspot.com

Google Analytics Alternative